quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Coreia do Norte é Comunista?

Ou poderíamos perguntar: a China é comunista? Cuba é comunista? O que é comunismo? É possível o comunismo?

Estas e outras questões estão de volta, desde os testes nucleares realizados pela Coreia do Norte em 2006, 2008 e neste mês de maio/2009, aterrorizando os vizinhos Coreia do Sul e Japão. (Assim como o Iran – fundamentalista islâmico – tem assombrado o Oriente Médio).

Para começar vou diferen
ciar Comunismo de Socialismo. O primeiro termo vem de longa data, nas névoas da História. Há autor que defenda que as primeiras comunidades tribais foram 'comunistas' (até que alguém cercou um pedaço de chão e disse que era dele, e ninguém foi lá reclamar, como bem ilustrou Rousseau, surgindo assim a famigerada PROPRIEDADE PARTICULAR, onde “não pode entrar os não-convidados”) Sendo o Comunismo uma forma 'ideal', isto é, uma ideia da perfeição social, com todos possuindo o necessário para sobreviver, não havendo uns com mais (os ricos) e outros com pouco (os pobres). No comunismo não há diferença de renda, nem diferença de status/poder.

Em artigo anterior ( A Impossibilidade do Comunismo ) já argumentei sobre a inviabilidade de uma sociedade 'comunista', pois os seres humanos são variados, e suas necessidades e ambições não são iguais. O que gera cidadãos mais apáticos, ou mais insatisfeitos, ou mais rebeldes. Além disso, Freud argumenta que um impulso saciado apenas leva a outro impulso em busca de satisfação. (O que seria ideal? Cada família com um carro? Com uma cota no clube? E se algumas famílias fossem maiores? Como regular a quantidade de filhos? Como calcular a renda para cada família? Etc)

Resumindo: o Comunismo é uma bela 'ideia', só isso. E não podemos
culpar Marx, com seu olhar humanista-positivista (que o diferencia dos humanistas liberais burgueses), por acreditar que o Comunismo fosse possível. Mas, quanto ao Socialismo, também de períodos anteriores, pode-se dizer que sua versão 'científica' (diversa das 'utópicas') faz sentido.

Resumindo: o Socialismo requer uma sociedade avançada em relação ao Capitalismo. Exige gerência dos recursos, um Planeja
mento planificado da produção e do consumo. Não se pode 'saltar' etapas' (como muitos esquerdistas desejam) e passar de um mundo feudal para um mundo socialista. Por que? Pois, a sociedade precisa conhecer um sistema de poderes distribuídos: a Democracia.

Sem a Democracia, a chamada 'Ditadura do Proletariado' acaba por
devorar os próprios filhos, e um grupo de Burocratas acaba por corromper o Poder dos proletários, e assumir cargos em excessos, gerando uma Nova Classe , a Nomenclatura, onde 'uns são mais iguais do que outros'. Sem a Democracia o Socialismo não é possível. Tanto que dizer 'socialismo democrático' é puro pleonasmo. Mas a Burguesia com seu 'ideal' liberalista continua insistindo que a única Democracia possível é a Liberal. O que é um contra- senso: uns possuem mais do que outros, e assim têm maior acesso ao Poder.

Voltando a pergunta inicial: a Coreia do Norte é comunista? Obviamente que não, se nem chegou ao Socialismo, como poderá ser Comunista? O que existe nos domínio do ditador Kim Jong-il (filho do ditador King Il-sung) é uma Ditadura do Partido (dito) Comunista, um verdadeiro stalinismo em pleno século 21, uma peça de museu. O mesmo tipo de governo que desgraçou a Albânia, a România, a Alemanha oriental. Um partidarismo doentio, um estatismo hermético, sem qualquer consulta às bases populares (por mais que usem o termo “Democracia Popular”, e os bancos estatais chamem “Banco do Povo”). Quando o povo quer falar, é logo silenciado por tanques e artilharia.

A Coreia, ocupada pelos japoneses, expulsos em 1945, foi logo ocupada por russos e norte-americanos, que impuseram seus regimes políticos, dividindo a península (o mesmo ocorreu na Alemanha, Viet-Nam, China), entre Estatistas (ditos Comunistas) e Capitalistas (protegidos pelos Ocidentais), no calor da chamada Guerra Fria , que lá na Coreia acabou por esquentar muito entre 1950 - 53, com guerra declarada, e que não teve Tratado de Paz (portanto, um mero armistício, a guerra AINDA não acabou.) E uma dinastia de ditadores, de pai para filho, ocupa o 'trono', dizendo governar para o Povo, no melhor estilo Populista (não sei se em coreano existe o termo Populismo...) O ditador norte-coreano precisa manter seu poder, e assim mobiliza o povo contra o Inimigo externo, em militarismo ideológico e paranóico. Nada mais distante do que Marx desejava.

E a China é comunista? Não, por mais que assim declare a imprensa burguesa, para desmoralizar o Comunismo (inexistente) e o Socialismo (possível, mas impedido pela educação capitalista-selvagem). A China é uma Tecnocracia Estatista Unipartidarista, numa economia de Capitalismo de Estado, que nada tem do regime idealizado por muitos e estudado por Karl Marx. Que na verdade é o verdadeiro atingido nessas críticas todas. Ninguém se dedica a uma leitura atenta do pensador judeu-alemão, e vai logo atirando pedra. A 'demonização' de Marx mostra o medo profundo da Burguesia. O medo de perder o Poder para o Povo.

E Cuba é comunista? Não, é outro estatismo, que lembra muito o Estado italiano fascista: um paternalismo partidário, um assistencialismo estatista, onde o Povo não tem voz, qualquer discordância é silenciada nas masmorras. No mais, a figura de Fidel Castro apenas desmoraliza a Esquerda: o ditador é uma anti-propaganda. Passa a ideia de que Socialismo é Ditadura. E que Capitalismo é Democracia. O maior dos absurdos. Mas a mídia consegue vender a farsa. Por que os sistemas ditos socialistas são Ditaduras? Por que enfrentam uma Contra-Revolução e precisam montar um “Governo forte”, onde as liberdades civis se evaporam, os cidadãos viram reféns de uma minoria. Ou seja, troca-se os Capitalistas pelos Estatistas-Burocratas.

Em resumo: a Burguesia não hesita em chamar de 'Comunistas' os sistemas demagogos e tirânicos da China, Cuba, Coreia do Norte, no intuito de desmoralizar o 'Socialismo', que acabou associado ao termo 'Comunismo'. E ambos associados a Ditadura. (Comunista sempre soou como um palavrão na mídia capitalista) Tudo acaba por ajudar aos interesses burgueses de associar Capitalismo e Democracia como se fossem sinônimos, e não contraditórios. Escondem que a verdadeira Democracia é o Socialismo.

Igualdade, Liberdade e Fraternidade são termos ideais, só existem em Conceito, enquanto Dignidade, Diversidade e Justiça Social são termos do Socialismo Científico, que visa dividir os recursos disponíveis de formar a impedir excessos e faltas, opulências e misérias. É isso que Karl Marx queria dizer com o termo infeliz “ditadura do Proletariado”, pois num sistema sem ricos e sem pobres, não há Domínio de Classe, e assim sequer existirá 'proletariado', mas Cidadãos senhores do Trabalho, e não escravos do Mercado. Não um nivelamento por baixo (proletarização) mas uma elevação dos menos favorecidos aos padrões de vida satisfatórios, respeitando os limites dos recursos naturais, tão largamente explorados pelo Capitalismo, um sistema desigual, exploratório e, além de tudo, anti-ecológico.

Fonte: http://www.abdic.org.br/coreiado_norte_comunista.htm

Por Leonardo de Magalhaens

1 comentários:

Anônimo disse...

Leonardo, seu texto é incrível, realmente é o único caminho para a sociedade, a crise capitalista de hoje, foi prevista por Sismondi, e Rosa Luxemburgo á séculos a trás. Difícil é assegurar uma construção social democrática com tanta manipulação de mídia e de um pobre como o nosso transbordando de lumpem proletários, como o proprio engels disse, devemos se valer do princípio da autoridade

caso queira discutir mais o assunto, me escreva: diegorenoldi@hotmail.com

abraços