sábado, 12 de junho de 2010

LULA X FHC: UMA COMPARAÇÃO HONESTA





A grande obsessão de Lula se chama Fernando Henrique Cardoso. O atual Presidente da República sugere fazer um comparativo entre as duas gestões, a sua e de FHC, para que a "melhor" seja escolhida na pessoa dos sucessores: Serra, Ciro, Dilma ou Aécio. Faz sentido. Mas como estabelecer essa comparação?

Já caí na arapuca da "aritmética falha", qual seja: fazer de conta que o Brasil começou com Fernando Henrique, e Lula o pegou daí. Bobagem. FHC, por óbvio, não pegou a casa redondinha. Ele próprio, como Ministro da Fazenda de Itamar Franco, precisou fazer seus ajustes e, nessa época, a coisa estava relativamente bagunçada.

Mas, sem delongas, vamos comparar e, nesse sentido, façamos da maneira mais honesta:

- Quem foi melhor para a estabilização econômica do país, em comparação com a gestão anterior?
a) FHC comparado a Collor; ou
b) Lula comparado a FHC?

- Qual das gestões foi melhor para a distribuição de renda e para projetos sociais?
a) FHC comparado a Collor; ou
b) Lula comparado a FHC?

- Em qual das administrações houve maior fortalecimento das instituições?
a) FHC comparado a Collor; ou
b) Lula comparado a FHC?

Enfim, a coisa é mais ou menos por aí. Lula gostou tanto da política econômica de FHC que colocou um tucano no Banco Central, mantendo-o até hoje (recentemente filiado ao PMDB). O Fome Zero fez água, de modo que foi preciso eliminá-lo e ressuscitar os programas da gestão anterior, aglutinando-os sob o nome "Bolsa Família".
Por fim - não por ironia do destino, mas por fisiologismo pragmático -, ressurge Collor, agora como aliado, em fotografias, abraços e discursos inflamados de apoio, de modo que nem se pode falar em "carta fora do baralho" ou "comparação descabida". O exemplo aí das comparações está mais do que vivo e faz parte da base do governo.

Se for pra comparar, façamos com honestidade. É preciso saber como a casa foi encontrada e como foi devolvida. Estabilizar a herança collorida é uma coisa, recauchutar programas preexistentes depois de falhar miseravelmente num vexatório "Fome Zero", bom, aí é outra coisa.

Mas, no fim das coisas, o povo, povão mesmo, não vai é comparar nada. E, para alegria de uns e tristeza de outros, não há tanta transferência de votos assim, também. Política, no Brasil, é feita de forma pessoal, com carisma e fatores bem pouco atrelados aos fatores técnicos e ideológicos propagados pelos "especialistas".

O texto fica mais como reflexão provocativa. Na prática, a teoria nem chega a ser outra. Ela meramente inexiste.

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