“AL CAPONE SERIA MERO APRENDIZ”
O pai de Sarney é quem lhe abre todas as portas. A família Costa veio do interior, de Pinheiro, no oeste, para as bandas da fronteira com o Pará, na região da Baixada.
Sarney, com 15 anos, começou a estudar no Liceu Maranhense. Anderson Lago, de tradicional estirpe política, chefe da Casa Civil do governador maranhense Jackson Lago em 2009, é uma memória viva daqueles tempos:
“Sarney nasceu, cresceu e criou dentes dentro do Tribunal. O pai não era um fazendeiro abastado, empresário, não era porra nenhuma. Nunca tiveram nada. Nunca acertaram nem no jogo do bicho. Sarney não tem como explicar a fortuna que tem. Ele mesmo contou, quando presidente da República, na inauguração do Fórum Sarney Costa, que o pai teve que vender sua máquina de escrever para mantê-lo por uns tempos.”
Nascido em 24 de abril de 1930, pouco antes da revolução modernizadora liderada por Getúlio Vargas, Sarney Filho cursou direito e iniciou-se na política estudantil na década de 1950. O pai arranja-lhe o emprego, secretário do Tribunal de Justiça. Nessa época, os processos eram distribuídos por sorteio. Colocavam os nomes dos desembargadores numa caixinha e o secretário do Tribunal era quem sorteava o relator de cada processo. Seus primeiros “negócios” foram feitos nessa caixinha. O desembargador que ele “sorteava” era sempre aquele que resolveria o caso conforme a sua conveniência.
Anderson Lago narra a história de certo engenheiro italiano que havia construído a fortaleza de Dien Bien Phu, no Vietnã, e para cá veio tocar a construção do porto de Itaqui, perto de São Luís – por onde meio século depois sairia o minério de Carajás e outras mil riquezas do Brasil. Surgiu uma demanda judicial contra a empresa do italiano. No último julgamento, que a empresa perderia e, por isso, quebraria, descendo a escadaria do Tribunal, o italiano, referindo-se a Sarney, comentou com seus advogados:
“Se Al Capone estivesse vivo e aqui estivesse, diante desse rapaz de bigodinho seria um mero aprendiz.”
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