segunda-feira, 28 de março de 2011

“AL CAPONE SERIA MERO APRENDIZ”

Traremos a partir de hoje, uma série de artigos, provenientes do livro “Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney”, de Palmério Dória. Postaremos aqui fatos narrados na obra, os quais sempre terão alguma relação com nosso herói. Antes dessa leitura já tínhamos conhecimento do poder de Sarney na política brasileira, mas confessamos que ficamos surpresos com os fatos trazidos por Palmério. São chocantes, e nos fazem imaginar se existe no mundo, algo comparável ao que faz aqui, nosso Velho Coronel. Diante de tais fatos completamente absurdos e revoltantes, nos sentimos na obrigação de compartilhar com nossos leitores as mazelas dos nossos poderes (sim, os três poderes, nosso Montesquieu deve estar se revirando no túmulo, coitado). É a nosso política, e o mundo maravilhoso da politicagem. Recomendamos a todos a leitura na íntegra destra obra literária.



“AL CAPONE SERIA MERO APRENDIZ”

O pai de Sarney é quem lhe abre todas as portas. A família Costa veio do interior, de Pinheiro, no oeste, para as bandas da fronteira com o Pará, na região da Baixada.

Sarney, com 15 anos, começou a estudar no Liceu Maranhense. Anderson Lago, de tradicional estirpe política, chefe da Casa Civil do governador maranhense Jackson Lago em 2009, é uma memória viva daqueles tempos:

“Sarney nasceu, cresceu e criou dentes dentro do Tribunal. O pai não era um fazendeiro abastado, empresário, não era porra nenhuma. Nunca tiveram nada. Nunca acertaram nem no jogo do bicho. Sarney não tem como explicar a fortuna que tem. Ele mesmo contou, quando presidente da República, na inauguração do Fórum Sarney Costa, que o pai teve que vender sua máquina de escrever para mantê-lo por uns tempos.”

Nascido em 24 de abril de 1930, pouco antes da revolução modernizadora liderada por Getúlio Vargas, Sarney Filho cursou direito e iniciou-se na política estudantil na década de 1950. O pai arranja-lhe o emprego, secretário do Tribunal de Justiça. Nessa época, os processos eram distribuídos por sorteio. Colocavam os nomes dos desembargadores numa caixinha e o secretário do Tribunal era quem sorteava o relator de cada processo. Seus primeiros “negócios” foram feitos nessa caixinha. O desembargador que ele “sorteava” era sempre aquele que resolveria o caso conforme a sua conveniência.

Anderson Lago narra a história de certo engenheiro italiano que havia construído a fortaleza de Dien Bien Phu, no Vietnã, e para cá veio tocar a construção do porto de Itaqui, perto de São Luís – por onde meio século depois sairia o minério de Carajás e outras mil riquezas do Brasil. Surgiu uma demanda judicial contra a empresa do italiano. No último julgamento, que a empresa perderia e, por isso, quebraria, descendo a escadaria do Tribunal, o italiano, referindo-se a Sarney, comentou com seus advogados:

“Se Al Capone estivesse vivo e aqui estivesse, diante desse rapaz de bigodinho seria um mero aprendiz.”


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