terça-feira, 30 de novembro de 2010

Uma breve sobre a situação no Rio




O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade do país, com aproximadamente 6,2 milhões de habitantes. A histórica metrópole, que foi capital do Brasil de 1763 até 1960, é também o principal destino de turistas estrangeiros. Desta forma, a mesma funciona como uma espécie de "vitrine" do país para o mundo.

A violência urbana na cidade é associada ao tráfico de drogas. De acordo com dados de 2008 do Ministério da Justiça, o
Rio de Janeiro é o quinto estado brasileiro com maior taxa de homicídios, com 33 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, ficando atrás de Alagoas (66,2), Espírito Santo (56,7), Pernambuco (48,5) e Pará (39,8).

Por outro lado, possui, de longe, a polícia que mais mata. Em 2008, foram 1.137 mortos em confrontos com a polícia, taxa sete vezes maior que qualquer outra região do país. Os gastos totais em segurança somam 12% do orçamento do Estado, quase o dobro de
São Paulo (7,4%) e pouco menor que o de Minas Gerais (12,5%).

Mas o tráfico, por si só, não justifica o alto í
ndice de criminalidade. Praticamente todas as grandes metrópoles do mundo possuem comércio ilegal de drogas. Se estima que o mercado consumidor de cocaína em Nova York, por exemplo, seja duas vezes maior que o Rio. A diferença é que nem a cidade americana nem outras europeias testemunham quase que diariamente cenas de guerra nas ruas, como acontece no Rio. A resposta para esse paradigma é que, no Rio, facções armadas travam lutas pelo controle de territórios, favorecidas por uma rede de corrupção e pelo descaso histórico do poder público em relação às favelas nos morros cariocas.

As favelas dos morros cariocas desempenharam uma função estratégica para os traficantes. Elas cresceram durante os anos 1960, quando o Rio viveu um processo de rápida urbanização e migração, sem que houvesse um planejamento econômico para atender a população. Em troca do silêncio dos moradores, os traficantes mantém a ordem e praticam o assistencialismo nos morros, distribuindo produtos como remédios e cestas básicas, além de promoverem festas e bailes funk.

Outro componente importante na engrenagem do tráfico é a corrupção de órgãos do governo e instituições privadas. Os maiores líderes das facções, estão em presídios de segurança máxima, de onde ainda controlam o tráfico e outras atividades criminosas, por meio de aparelhos celulares e visitas de parentes e advogados. O dinheiro do tráfico financia desde a proteção de policiais e conivência de agentes penitenciários até a compra de sentenças de juízes. Eles possuem contatos e influência junto a governos, empresas e instituições bancárias, para conseguirem lavar o dinheiro resultante do comércio ilícito de drogas, estima-se que somente 20% da cocaína que chega ao Rio abasteça o mercado interno, a maior parte tem como destino a Europa.

Para os últimos confrontos, a cidade do Rio recebeu na ultima sexta-fera o reforço das Forças Armadas Brasileiras, o que me faz concordar em partes com essa situação. O Exército deveria participar? Deve sim participar, mas não pra fazer o trabalho policial, pois o mesmo não existe pra isso e nem é treinado para isso e nem está equipado para isso. O mesmo deveria começar pelo controle de fluxo de armas no país, isso resolveria o problema da circulação de armas ilegais no país de mão em mão com incentivos da banda podre da policia. Assim como a marinha deveria participar formando uma guarda costeira com foco no controle no transporte de cargas clandestinas, elas de saída ou de chegada, e também a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a ação da Policia Federal na fiscalização nos aeroportos brasileiros. O governardor Sérgio Cabral Filho (PMDB), anunciou a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, na zona norte, para 2011e confirmou que o Exército vai permanecer no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro até julho de 2011, as tropas federais substituirão as Polícias Civil e Militar nas duas comunidades ocupadas. No entanto há um grande receio do comando das Forças Armadas, de que a duração da missão, somada ao novo perfil de operação nos morros, coloque os militares em contato íntimo com o narcotráfico, o que poderia contaminar setores do Exército. Nesse período de quase oito meses, o efetivo de 800 homens do Exército deverá ser mantido

Outra pergunta que surge com o cenário deplorável é a de que se conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas, quanto a isso acho não haver duvidas, com certeza os eventos serão os melhores possíveis, o problema é o dia a dia e o que estes eventos deixarão de legado positivo para mudar esse cenário do dia a dia carioca.

O tráfico só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale deixar claro. Enquanto o tráfico de drogas nesse modelo territorializado começa a bater em retirada após atingir seu ponto de inflexão, a parte podre da policia prossegue forte, firme, empreendedora, politicamente ambiciosa e com sede econômica. A mídia tem esquecido e ignorado o fato de como será feita uma reforma na policia no Rio, para que as mesmas deixem de ser incubadoras de milícias, tráficos de armas e drogas, máfias, brutalidade, crime violento e corrupção. As polícias de fato são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cabe a elas garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Na ultima quinta-feira dia 25 de novembro o JN fez questão de exaltar as cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória pela ocupação da Vila Cruzeiro pelos policiais, o que deixou claro que os mesmo se sentiram autorizados a não levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, e tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas. Como diria Luiz Eduardo Soares : “será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.”

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