sexta-feira, 13 de maio de 2011

20% - É pouco? É muito? É o Suficiente!



O historiador maranhense Wagner Cabral Costa, incansável pesquisador, que vive percorrendo e vasculhando todo canto do Maranhão atrás de informações, completa o perfil dos negócios que constituíram o principal pé do tripé sobre o qual o clã Sarney ergueria o seu império:
“Na rodada de expansão, no programa Grande Carajás, ainda na ditadura, você tem a implantação da Vale do Rio Doce, com corredor de exportação; a implantação da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará; e a Eletronorte. Ou seja: vão construir uma ponta de organização do setor, o lugar em que você pode trazer as construtoras, que vêm para o Maranhão para tocar as obras. Você tem o esquema das construtoras, das licitações pra conseguir esses contratos, e a contrapartida em termos de financiamento de campanha. Mas também tem a questão da energia, que tem a ver com a Alumar, localizada na ilha de São Luís (o Maranhão recebe a bauxita produzida no rio Trombetas, no Pará, que é transformada na capital maranhense em alumina e alumínio pela Alumar, que faz a exportação). O processo de fabricação da alumina consome muita energia.”
Os processos de transformação de bauxita em alumínio são, talvez, aqueles que mais exigem energia elétrica. Quem tiver poder de negociação dessa energia tem uma impressora de dinheiro nas mãos. Wagner continua:
“Todos os contratos da Alumar, que movimenta 430 milhões de dólares anualmente, foram negociados por agentes de Sarney. São contratos de 20 anos em que a empresa paga 20% a 25% do preço que o consumidor comum paga na cidade. O primeiro contrato venceu há poucos anos e foi renovado por mais 20 anos por gente do Sarney”
Lúcio Flávio Pinto, editor do Jornal Pessoal, de Belém, que acompanhou passo a passo a construção de Tucuruí, nos fornece os números que permitem calcular o quanto se pode ganhar em comissões e desvios com mega-obras. Como por exemplo, um “ligeiro” erro de orçamento na construção de Tucuruí, maior usina cem por cento brasileira, no Rio Tocantins, Estado do Pará, a 400 km de Belém. O custo das obras, iniciadas em 1981, passou de 2 bilhões e 100 milhões de dólares para mais de 10 bilhões.
Aqui entra na história a Camargo Corrêa, que assinou estradas que deram acesso a Brasília, a ponte Rio-Niterói, as rodovias paulistas Imigrantes e Bandeirantes, a usina nuclear de Angra dos Reis, o gasoduto Brasil-Bolívia, as hidrelétricas de Jupiá, Ilha Solteira e Itaipu, entre inúmeras obras.
Durante a construção de Tucuruí, o patrimônio da Camargo Corrêa dobrou, passou de 500 milhões de dólares para 1 bilhão. Sebastião Camargo, paulista de Jaú, filho de agricultores, foi quem criou a empreiteira com o advogado Sylvio Corrêa. Sebastião Camargo, o China, foi o primeiro brasileiro a figurar na lista de bilionários da Forbes, antes mesmo de Roberto Marinho – o general civil do golpe militar de 1964, do qual emergia como um dos homens mais poderosos deste país em todos os tempos.
Quando foi criado o programa Grande Carajás, com jurisdição sobre Pará e Maranhão, criou-se também um mecanismo de incentivo fiscal que permitiu à Camargo Corrêa, em vez de pagar imposto de renda sobre esse super-lucro, aplicar no projeto Alumar. O truque beneficiou a principal controladora da empresa, a Alcoa, que não precisou botar dinheiro no seu negócio. A Alumar recebeu um contrato de energia semelhante ao da Albrás, ou seja, com subsídio, fazendo jus a um desconto bem camarada. O valor do subsídio, de 2 bilhões de dólares, permitiria comprar uma nova fábrica.
Só aí você vê o que dá 20%..

1 comentários:

Anônimo disse...
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